Desconheço a autoria, certamente, pelos detalhes que se vê em volta da tela, algum artista de rua em Graz |
A viagem para Graz foi marcada de novidades. Já não era o
campo apenas que me embevecia de beleza, mas a mudança da paisagem ainda com
neve, mas mostrando um pouco do brilho da primavera. Nesse dia, em especial,
não amanheci me sentindo bem. Nada que não tivesse sentido antes, mas era a
primeira vez desde que começamos a viagem. É sempre aquela sensação que a gente
não sabe explicar: não sei se é o pulmão que pressiona o peito, ou se os ossos
que se retraem e apertam o coração. A dor na cabeça chamou o silêncio para me
fazer companhia, e acabamos nos separando na parada em Hegyeshalom. A dor na cabeça passou, mas o coração estava
ainda muito descompassado e quando chegamos a Meidling para fazer a troca de
trem em apenas quatro minutos eu destampei a chorar. Não sabia explicar se era
por causa do mal-estar ou se pela vitória de ter conseguido sem atrapalhar meus
companheiros de viagem. Chegamos a Graz. Achei que nesse dia eu ficaria no
hotel, mas a cidade transpirava alegria. O frio cedia espaço para a primavera
entrar e, sentindo-me melhor, aprontei e fomos conhecer a cidade.
A arquitetura em Graz segue o mesmo estilo de tudo que vimos
na Europa, mas menos cinzenta. Os prédios vão do branco, passando pelo bege,
amarelo e até o alaranjado, azul, verde, tons avermelhados e ocres, o que dá à cidade um tom mais quente, colorido.
Não tem tantas coisas para ver, não é
uma cidade turística, e nós fomos parar lá por outros motivos. A colina com o
relógio, a ilha artificial, o museu, a universidade, o castelo, algumas
igrejas, tudo muito bonito, mas algumas coisas nem nos mobilizou à caminhada.
Passeamos na Hauptplatz e nas imediações dela. E não nos arrependemos. Acredito
que por causa da primavera, o povo estava muito alegre. Havia música em cada
esquina, até um piano fora transportado para a praça. Idosos, adultos, jovens,
crianças e cachorros, todos estavam na rua. Muita bicicleta. Bonde elétrico.
Cafés, choperias, tudo muito acolhedor.
Em Graz passa um rio sobre leito de pedras e faz barulho
de cachoeira, que evocou lembranças de minha infância e adolescência. A não ser
que eu vá em Pirenópolis, esse som raramente ouço. E lá também tem ponte dos cadeados. Aliás, essa tradição de cadeados também vimos em Budapeste.
A árvore do amor está cercada por uma grade e é nessa grade que os
apaixonados prendem seus cadeados. Não sei onde jogam as chaves, mas em Graz
e Paris, as chaves são jogadas no rio. Eu
moraria tranquilamente em Graz. Um lugar tranquilo, assim como foi tranquilo nosso passeio.
Sentamo-nos em alguns lugares e apreciamos a dinâmica da cidade. Parávamos para
ouvir os artistas de rua. Acho que todo mundo que tocava um instrumento estava
na rua aquele dia, se não tocando, carregando seu instrumento. Talvez até
procurando uma esquina que não estivesse ocupada. No final da tarde, à medida
que escurecia, o vento e o frio se intensificavam e a cidade começava a se
esvaziar. Tomamos um chocolate quente antes de voltar para o hotel. Nesse dia
jantei uma salada com camarão e pene deliciosa, cujo sabor ainda está guardado
na memória – que pretendo fazer em casa qualquer hora - e no dia seguinte seguiríamos para Munique. Eu
teria perdido um passeio adorável se tivesse cedido à pressão de me sentir
doente.
Bem, eu disse que Graz não é cidade turística. Como saber
disso sem ter uma informação confiável? Cheguei à essa conclusão pelo número de
câmeras fotográficas e celulares fotografando. Não eram tantos como nos outros
lugares que já havíamos visitado, mas ainda assim eram muitos. Quem disse que
por ali não teria brasileiros? De cara me chamou a atenção o cartaz de show do
brasileiro Luiz Antônio, desconhecido por aqui, mas, certamente, um artista se
virando em terras estrangeiras. E logo nos encontramos com uma amazonense que
nos informou que em Graz tem considerável comunidade brasileira, com muitos
artistas e que era possível, inclusive, dançar forró por lá nos fins de semana.
Gosto de ilustrar meus posts com obra de arte e só opto
por fotos quando realmente não encontro tela que represente, de alguma
forma, o conteúdo do que escrevo. Meu irmão diz que leva mais tempo para
escolher a música que para editar o filme. Assim sou eu: levo mais tempo para
escolher a imagem, que para escrever o texto. Selecionei alguns pintores
austríacos para ver se encontrava alguma coisa de Graz e que fosse lá do
passado, do século XVII, mas não encontrei. Passando por muitas coisas
encontrei no blog http://michelleswafflings.blogspot.com.br/2012/04/april-2012-photo-day-challenge.html
a imagem que ilustra este texto.
Infelizmente não tem o nome do autor, mas é a cara do post!
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