sexta-feira, 22 de maio de 2015

Bratislava é um encanto!

De main square in Bratislava, de Rudolf Von Alt (por volta de 1800)



Ao chegar na estação já percebemos a diferença de um país pobre da Europa. Em nenhum dos locais anteriores vimos carregadores de malas, mas em Bratislava tem, embora usando uns casacos uniformizados, detalhes como sapatos furados, casacos puídos e dentes estragados não passaram despercebidos. Não só os trabalhadores da gare, mas boa parte das pessoas que circulavam por ali. Os meninos não podiam acender um cigarro que logo aparecia alguém para pedir. Então, lá também tem pedinte. Não esperava encontrar isso em um país que foi comunista. Minha imaginação idealista achava que, ao sair do comunismo, a massa da população seria mais ou menos igual, teriam tido os mesmos acessos e as diferenças começariam a aparecer somente depois de algum tempo, quando os talentos pessoais se destacassem. Não foi o que percebi nessa olhada superficial. Digo superficial, porque qualquer coisa aqui publicada, carece de comprovação que vá além de meu olhar curioso.
Nas imediações da Gare a cidade é muito suja, mas à medida que nos afastamos a cidade vai ficando mais limpa e começa também a me encantar. Entendo porque os arquitetos gostam tanto de viajar pro velho mundo. Não se vê duas janelas iguais e, embora tudo pareça igual, basta um olhar um pouco mais atento, para perceber a riqueza de detalhes que diferenciam uma da outra.  Faz muito frio ainda, venta e as árvores ainda estão secas, sem folhas.  Os jardins já começam a florir.  Caminhamos da gare até a praça central na cidade velha. É pertinho. Paramos em Bratislava apenas por um dia, para não perder a oportunidade de conhecer a cidade já que fica entre Praga e Budapeste. Pegaríamos o trem à noite para Budapeste.

Acredito que vimos o principal, castelos, palácios, praças, igrejas, arquitetura rococó e gótica, que, em especial, guardavam o ambiente mágico de idade média. Mágico na nossa cabeça, porque viver nessa época certamente não era fácil. Já em Paris, meu irmão fez uma pesquisa de como era viver na Idade Média, a partir de uma observação de minha cunhada que nas pinturas/retratos não se via nenhum sorrindo. Claro! Os dentes eram estragados, não existiam dentistas. Enfim, sair de nosso mundinho sempre é um banho de história e cultura. Até porque o que a gente não sabe, vai procurar depois que se conhece. Também percebi – como a Eslováquia pertenceu ao império austro-húngaro – há muitas lojinhas lembrando o nome de Sissi e da Rainha Maria Tereza. Até as bonequinhas de porcelana que comprei tem as fisionomias e roupas das imperatrizes.
 



A cidade não me pareceu grande e eu tinha colhido poucas informações de lá antes de ir. Nada que impedisse conhecer a cidade sob outro aspecto. Artesanato, lojas de souvenirs, feirinhas na praça central, restaurantes, cafés, ainda conservam características típicas embora já estejam preparados para o aumento de turistas, o que certamente vai melhorar a circulação de dinheiro no local. Também lá tinha turistas de olhinhos puxados e brasileiros. Não como em Praga, mas já dá para perceber que cada vez mais Bratislava está sendo incluída nos roteiros. E os preços me parecera bons, pois foi lá que desandei a comprar. As echarpes mais diferentes foram de lá. E ainda me arrependi de não comprar mais. Só que era complicado, ainda estávamos itinerantes e não dava para carregar muito peso. Tenho limitações com os braços depois da cirurgia. Diverti pra caramba me soltando nas fotos com as esculturas esquisitas. Soltar não era fácil.


Almoçamos em um restaurante de comida típica e pasmem! Comi um prato que tinha arroz. A carne era de porco e o molho lembrava o barbecue.  Achei uma delícia! E no restaurante se tocava música típica.  Sinto que não consegui reproduzir com fidelidade o que vi e senti em Bratislava, por isso serei reducionista: Bratislava é um encanto! 



Hoje viajei de novo pra lá, refiz cada imagem. cada sentimento, procurei lembrar de cada detalhe, senti novamente o cheiro das guirlandas artesanais, o sabor da comida, o clima do restaurante, e o texto ficou isso aí: um amontoado de frases curtas evidenciando mais uma vez que as palavras são sempre insuficientes para reproduzir com fidelidade sentimentos e sensações.
Descrevem coisas, cenários, mas exibem seus limites quando  se trata de abordar coisas mais profundas. Não sei o que esperava encontrar, mas vi e senti gente como nós. Sofridas com o regime comunista que não é, na prática, aquilo que se propaga nos ideais. Vi avó cuidando de netos na praça da prefeitura, certamente enquanto a mãe sai para trabalhar, vi pessoas com faixas, organizadas,  reivindicando não sei o quê... nem sei se estava escrito em tcheco, alemão ou húngaro. No leste europeu, principalmente, senti o que é ser analfabeto. Não sei porquê - teria que ver se consegui registrar isso em foto, alguma palavra escrita no cartaz que me desse essa pista  - mas tenho a sensação que a passeata era de professores. Pode ser projeção de minha parte, mas estou sendo honesta. 

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