sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Viver o presente

Springtime awakening, de Luc-Olivier Merson
Gosto, às vezes, de ficar sem fazer nada, olhando pro tempo, pro espaço vazio ouvindo música. Esses momentos são raros em minha vida, portanto, muito preciosos. Entre um evento e outro tenho intervalo ocioso, mas nem sempre é possível usar o tempo assim. Para isso preciso também da solidão. Hoje é um desses dias especiais, posso ouvir música, olhar o céu, os topos dos prédios e das árvores do vizinho. Queria poder dançar, estou sozinha, mas tem uma câmera que me vigia. Então a alternativa é recorrer ao youtube e se deixar deslizar na imaginação.

Por mais efêmero que seja o tempo presente, aqui e agora é tudo que tenho.  Aqui em que o onde é indefinido e o agora não é quando. Um tempo feito de momentos. De total desligamento.  De pensamentos que me levam ao nada. De nada que me leva ao tudo. É meu paraíso niilista. De vazio e silêncio interior, que faz aflorar o bem-estar profundo, a sensibilidade, a criatividade, a leveza e a serenidade. Completamente despida de preocupações. Esta é uma sensação diferente do ostracismo que leva ao desânimo e à falta de vontade e disposição para viver. Apenas um tempo meu para estar comigo. Viver o presente é uma arte. 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Onde você estiver...

Era uma vez, em um reino muito distante, uma camponesa, Maria, enfrentava suas primeiras dificuldades como mãe de um lindo garoto. Seu marido saía para longas caçadas e ela tinha que aprender a se virar sozinha nos afazeres domésticos, no cuidado com o filho e nas encomendas dos bordados. Tecia com fios de ouro, sempre colocando em cada ponto traços de delicadeza, de generosidade, de harmonia, de forma que, ao final, gostava de admirar sua obra, como se arte fosse. E a vida era boa, o futuro lhe sorria, a esperança fazia morada em sua casa.
Um dia, entretanto, durante uma das longas caçadas de João, Maria amanhece doente, com tonturas, desmaios, vômitos, diarreia. Com bebê de poucos meses, sozinha e isolada pensa em como fazer para pedir ajuda. Arrasta-se então até à porta na expectativa de ver algum lavrador passar. Depois de algum tempo passa um jovem que se dispõe a ir até o sítio vizinho pedir ajuda. Assim fez, mas a ajuda não veio.
Printemps, de Maria Konstantinowna Bashkirtseff
Está beirando o desespero quando ouve o trotar de cavalos. Anima-se quando um dos soldados do rei apeia e vai ao seu encontro. Maria conta seu drama, mas ele pouco ou nada pode fazer. Para espanto do soldado, mesmo sendo uma camponesa, Maria pede para que avise seu tio, um nobre cavaleiro que se tornou conselheiro do rei. O pelotão parte e seu tio não tarda a chegar. Com o olhar agradecido Maria acompanha cada movimento dele no cuidado com seu filho. Aquele homem forte, imponente, bonito, sabia, mais do que ninguém traduzir em ações aquilo que não conseguia expressar em palavras, a despeito de ser um grande orador. Naquele momento de cumplicidade o que explodia era sentimento, era amor, era a ética do cuidado.
O nobre tio de Maria nasceu em uma pequena Aldeia, não obstante sua origem humilde, soube transformar tudo que se apresentava a seus olhos em livro eficaz. Seu caráter honrado, íntegro e honesto fez com que fosse convocado para servir o Reino, onde prestou relevantes serviços. Foi condecorado por isso. Na vida pessoal, este destemido guerreiro do tempo soube amadurecer seus frutos e lançar suas sementes em terra fértil. No exercício da oração aprendeu a criar uma passagem entre seu interior e o mundo que vivia, marcando o ritmo de seus passos na construção da paz e da justiça.
O episódio mostrou a Maria a grandeza daquele homem que equilibrava dentro de si sentimentos antagônicos como a razão e a emoção. Não era perfeito, certamente, mas tinha a perfeição como meta. Foi um grande pensador e dele Maria aprendeu a deixar o pensamento voar.  As sucessivas batalhas que lutou, acabou o tirando cedo demais do convívio deste mundo. A vida é um mistério, mas também é uma dádiva tão grande, que o mínimo que se tem a fazer é vivê-la em sua plenitude. Hoje ele faz aniversário em uma dimensão ainda desconhecida por nós.


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O Espírito da Primavera

Spirit of Spring, de Alphonse Marie Mucha
Seria uma manhã típica de primavera, não fosse o ar ainda seco pela falta de chuva.  O sol morde seu corpo. Ainda assim o vento bate em seu rosto trazendo novo ânimo e estranha energia. A natureza se renova e sua alma, assim como ela, se sente cheia de esperança, de alegria. O amor perfuma o deserto. A fonte lacrada agora jorra vida que arde em suas entranhas. É um sentimento que ao seu redor tudo pode se aniquilar, que renascerá cantando a simples olhar. Maria é a própria natureza.  A caminhada até o trabalho acrescenta sons de pássaros, acácias floridas, mangueiras carregadas e céu aberto. Maria nem se incomoda com as buzinas e a pressa dos motoristas. O amor que sente florescer é apenas um botão entreaberto. 

Maria vive período de grande iniciação, o que significa na prática que sai de uma mansão da alma para outra. Durante muito tempo pediu ao Cosmos que não a deixasse só, por algum tempo, chegou a pensar que sua vida só teria sentido se encontrasse sua alma gêmea, alguém que a  acompanhasse não apenas nas atividades terrenas, mas também pelo estreito caminho do misticismo. Hoje ela sabe que não precisa de nada disso. Basta um manhã harmonizada com o espírito da primavera.
Ela ama e é feliz!

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Manhã de primavera

Spring, de Frederick Walker



Hoje amanheceu tudo diferente. Por um lapso deixei meu celular carregando ao lado de minha cama e fui acordada às 5h da manhã. Era noite ainda. Não consegui mais dormir - ainda que minhas noites nunca sejam bem dormidas, porque acordo cada vez que um dos meus idosos se levanta para ir ao banheiro. Banho, corrida até à padaria e tênis (outra novidade!) para enfrentar a caminhada até o trabalho. O trajeto é curto e minha colega o faz em 10 ou 15 minutos. Levei quase 60, mas venci dois desafios, do joelho e da respiração. Gostei da experiência e estou pensando em repeti-la, pelo menos até entrar o horário de verão e me roubar esta preciosa hora.

Primavera



Poema de Alice Capel


Spring, de Alphonse Marie Mucha

A primavera chegou.
A nuvem cinzenta do inverno
dá um tímido e silencioso
toque de adeus,
levando consigo quimeras
que se dissiparam.
Há expectativa de felicidade
no cântico matinal dos pássaros
e no encanto das flores que se desabrocham
coloridas.
As canções da natureza calam em nós
como seiva revitalizadora
das flores sugadas pelo beija-flor.
Tudo é alegria!!!
Ora, há translúcida luz do sol
iluminando toda a natureza,
ora,há chuva que nos purifica
e revitaliza nossas almas
em aconchego interior.
Os trovões e os relâmpagos
ainda nos intimidam como sinal
de alerta de que nada é eterno.
Porém, é primavera.
Que ela faça renascer em nossos
corações a alegria de vivermos
em harmonia com toda
a natureza.


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A música e a literatura

A Arte e a Literatura, de Bouguereau
Diante dos contrastes que o mundo me apresenta, posso escolher como viver nele, como me adaptar às contradições humanas e se saber se tenho a serenidade necessária para não me deixar magoar, nem ser dominada pela vaidade, paixão, ou ganância. Deus me deu o dom da palavra escrita e esta é a única forma que tenho para quebrar a barreira do silêncio e deixar minha voz ecoar na imensidão do universo. Hoje tenho a convicção de que o que me move não é o poder da propaganda, mas a ética que norteia a prática e a estratégia para a realização de um objetivo comum. Minha ação é pensada no sentido do bem estar coletivo. Às vezes é preciso silenciar a palavra.

Rhapsody, de Leonid Afremov
Para silenciar vozes externas preciso sempre de uma boa música. Não entendo de música, sou desafinada, mas a música exerce em mim magia e poder de evocar lembranças, criar imagens e mexer com minhas entranhas. Quando o ritmo é vibrante me desafia a dançar, sacudir o corpo, acompanhar a percussão com os pés. E outras me trazem paz e serenidade. Então quando seleciono o que quero ouvir, de alguma forma, seleciono o que minha alma deseja sentir, ou melhor, adquiro o passaporte para viajar para fora e dentro do mundo. A música me tira do cotidiano e me transporta para uma aventura desconhecida, mas muito familiar, de descobrimento e encantamento interior. Importante também é constatar que além disso, a música me traz o reconhecimento das verdades alheias, da aceitação e tolerância das diversas linhas de pensamento. 



quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A crise do afeto

Douleur d'Amour, de Willian Bouguereau
O afeto anda em crise nas relações sociais e muitos são incapazes de manter vínculos sem se colocar na defensiva: têm medo da proximidade, da diversidade cultural, das diferenças de pensamento. A relação de afeto com as pessoas e a humanidade significa considerar todos os componentes deste complexo fenômeno que também se manifesta em sentimentos opostos, assim como a ira, o ciúme, a insegurança e a inveja.
O sentimento de amor pela humanidade é manifesto em ações. Muitos lançam mão do relativismo ético para justificar ações infames com raciocínios inteligentes. Chamam a dubiedade de dualidade e esta atitude é típica de religiões, governos totalitários e pessoas individualistas. É interessante observar que o estado evolutivo superior da afetividade não está ligado à inteligência ou à sensibilidade. Nem todas as pessoas sensíveis e/ou inteligentes são capazes de expressar o amor em sentimentos de empatia e solidariedade.
Experiências concretas de contato e ternura nos levam a conhecer um pouco mais de nós mesmos, de nossas emoções e de nossas resistências.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Tempo da delicadeza

Le Crepuscule, de Willian Bouguereau
Às vezes ele me falta, outras parece que ele corre, outras ainda parece que se estanca...não passa. Ah! Como gosto de falar do tempo. Da incoerência humana em sua incansável briga com o tempo.  Depois de ter a certeza que já vivi pelo menos 2/3 de minha vida (pode ser mais, mas vamos ser otimistas...) fico pensando no tempo e nos limites que ele nos impõe.

Neste aprendizado que não acaba, às vezes me pego tomada de saudade de outros tempos, de quando era jovem e o mundo era pequeno demais para abrigar meus sonhos e ideais. Deixo então que o pensamento corra solto, sem qualquer repressão. Sinto que preciso recorrer ao entusiasmo da juventude para não deixar morrer sonhos possíveis de serem realizados no final da vida madura e entrada para a velhice.

As escolhas que fiz, escreveram minha história e continuarão a escrever, talvez com mais serenidade, mais sabedoria, menos ansiedade, mas continua sendo minha história. Ainda estou aqui, agora, disponível para entender que tenho tempo para mudar. Os arroubos dão lugar à compreensão e a intolerância encontra aconchego na ternura. A vida adquire o peso da justa medida.  Nesta caminhada, sempre interior, identificando e analisando cada situação vivida, cada valor cultivado, cada batalha perdida, percebo que a esperança mora no futuro.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Sei Que Vou Morrer

When I was Young, de Stephen Bauman

Sempre me lembro da frase do Betinho, irmão do Henfil, quando questionado sobre o que mudava diante de sua iminente morte; “Morrer todos nós vamos, a diferença é que EU SEI que vou morrer”. É assim mesmo, vivemos como se não fôssemos morrer um dia. Falar sobre a morte e o morrer é assunto tabu. Aparecem mil e uma mensagens de autoajuda, mas poucos se detém a refletir sobre a morte ou a se dar o trabalho de compreender como se sentem aquelas pessoas que tem sua morte anunciada.
Algumas vezes somos privilegiados com apenas um sinal. Acontece alguma coisa que nos coloca diante da morte e, infalivelmente, temos que lidar com ela. É o caso de quem tem câncer. Mesmo sabendo que não vai morrer ainda -  existe tratamento: todos os dias aumentam os casos de sucesso em que a sobrevida passa de 30, 40 anos;  já existe cura em alguns casos – , é sempre uma incógnita com a qual se terá que lidar.
Nos últimos três anos tenho pesquisado sobre isso. Minha vida mudou muito. Impossível traduzir tudo que senti, observei ou vivenciei. Mas melhorou. Viver sabendo que se vai morrer é um exercício de amor, de tolerância, de resignação, mas também é lutar por um mundo melhor... e eu estou viva!

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O ser coletivo

Operários, de Tarsila do Amaral
Vivemos uma época que o conceito de políticas públicas assumiu o papel de protagonista na vida cotidiana. Protagonista e vilã, a política hoje se coloca, para muitos, como poder constituído oposto ao bem comum. Quando o assunto envolve recursos financeiros, o interesse individual parece entrar em ebulição e sobrepor-se ao interesse coletivo. Atualmente, o maior desafio é criar uma política de solidariedade humana geral. Os tempos modernos desencadeiam violências e criam a necessidade de o governo buscar alternativas novas de contato direto com o cidadão, da mesma forma que a sociedade organizada procura criar mecanismos de contato com as políticas estatais, no sentido de superar a maneira ortodoxa de fazer política. É dentro deste pensamento que o autoconhecimento faz toda a diferença e pode proporcionar uma discussão profunda e ampla sobre política que tem como princípio a condição cultural humana e coletiva.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Olhar crítico

A tecnologia digital trouxe uma explosão de informações e todo mundo, de um jeito ou de outro, acaba atingido por alguma de suas ferramentas. A mídia é ferramenta criada para facilitar a comunicação de massa, e tudo vai depender do uso que se faz, podendo mesmo se transformar em arma mortífera, quando se presta ao marketing  selvagem, às difamações, sem qualquer critério moral ou ético.  Bem utilizadas, essas ferramentas são eficazes para a propaganda e publicidade sem ferir seu público-alvo com boatos e mentiras.
La therapeute, de Renné Magritte
Neste fantástico universo humano, podemos observar que líderes políticos, dotados de entusiasmo, carismáticos, são alvos fáceis para uma oposição sem princípios. Para tentar entender esse processo é necessário levar em conta ideologias, contribuições da memória, conjunturas sociais e econômicas.

Esta geração cresceu num Brasil autoritário, e somente o tempo e o exercício da democracia poderão levar-nos a compreender que nossas escolhas são reflexos de nossa consciência, e o compromisso que assumimos ao escolher nossos representantes é o mesmo que assumimos com nossa existência.

Assim, alguns se identificam mais com o humanismo, outros com a democracia, outros ainda com o autoritarismo, com o socialismo e, lamentavelmente, há também os que se identificam com a arrogância, com a boçalidade imediatista, com a baderna desorientada.

O último trem

Last Train,  de Tony Pro
Há dias que as atividades do cotidiano não se desenvolvem normalmente e perdemos tempo acudindo detalhes e pequenos imprevistos. Nestas condições é comum perdermos o foco. Muitas vezes a solução está diante de nossos olhos e, no entanto, não conseguimos enxergá-la, porque os detalhes tomam a frente. O melhor então é parar e se reorganizar. Vale para a vida profissional, para os relacionamentos, para a educação de nossos filhos.
Administrar a própria vida é como dirigir um carro, ou pegar o último trem, não se pode dar espaço para a dúvida, e o melhor é começar se perguntando o que quer. Bastam duas opções, sim ou não, para que se defina uma escolha. É claro que se optarmos por não escolher seremos sempre vítimas das circunstâncias, e entre ser ativo e passivo a escolha é individual. Nem sempre acertaremos, mas também não erraremos sempre. Importante mesmo é ter consciência de que temos um papel ativo e não de meros espectadores da vida e, principalmente, que não desistimos dela.



terça-feira, 2 de setembro de 2014

Na pele do outro

Le Gouter, de Willian Bouguereau
Quem pode me garantir o que é certo ou errado? Ou me dar um caderninho com as receitinhas de vida anotadas? Porque é tão fácil julgar os outros? A superficialidade e rapidez com que julgamos e condenamos o outro, não tem o mesmo critério de generosidade que temos conosco.  Julgamos a aparência, o fato isolado. Muito fácil criticar quem recebe cesta básica, quando se tem a barriga cheia. É fácil para o vencedor apontar os erros de quem fracassou. É fácil julgar sem conhecer a força das coisas que conduziram a ação, o sofrimento ou o desejo daquele que,  do nosso ponto de vista, errou. Cruéis ou indulgentes os julgamentos passam sempre pela subjetividade e nos impede de sermos imparciais.  Mas o mais interessante é que quando julgamos refletimos o que temos dentro e só ver defeitos é extremamente sintomático.
Lembro-me de um amigo juiz que analisava atentamente seus processos, escrevia suas decisões e guardava, para só voltar nela uns dias depois. Quase sempre ele alterava sua sentença.  Um julgamento emocionado carece de equilíbrio e interfere de tal forma em nossas ações,  que elas deixam de nos pertencer. Juízes entendem bem o peso de um julgamento. Sabem que ninguém hesitaria em condená-los à morte, se por acaso, movidos pela emoção, condenassem um criminoso.
Sou contra a redução da maioridade penal. Sou a favor da retirada de privilégios para quem tem curso superior. Educação, educação, educação. Escolas de tempo integral, Cefets, Universidades Federais, Brasil Sem Fronteiras.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Educar para a Liberdade

Moravian Teachers Choir, de Alphonse Maria Mucha
Comecei minha vida “profissional” como educadora. Aos 12 anos já era alfabetizadora particular e ensinei muitas crianças de meu bairro a ler e escrever. Ganhava meu dinheirinho para ir ao cinema e tomar sorvete aos domingos. Pré-adolescência da qual me orgulho e cujos princípios ainda são vivos em mim. Já naquela época entendia que ensinar não podia ser do mesmo jeito para todos. Tive um aluno que eu o acompanhava em muro e árvores com o livro para dar minha aula. Outra, fazia tudo sentadinha em meu colo. E alguns nem precisavam de professora particular, como as indiazinhas queridas, lindas e inteligentes. Uma hoje é pedagoga, outra é professora do curso de História na UFMT e ativista indígena. Foi um prazer ensinar as primeiras palavras. 

Hoje sei – com convicção de quem não sabe de tudo – que a concepção de liberdade passa pelo processo de educação e educar significa formar homens conscientes de sua realidade, autônomos, atuantes e não apenas cheios de ciência. A compreensão profunda da arte de educar não desconhece que o homem é um ser em crescimento. Quando pensamos, investigamos, farejamos e concluímos, ficamos mais seguros de nossas convicções, e aí o único risco é nos tornarmos radicais, inflexíveis, daquele tipo de gente que quando é tolerante não consegue esconder o ar de satisfação pela sua superioridade.

Estou atenta e minha mente está aberta para avaliar outros pensamentos. E não há vergonha alguma se por acaso eu voltar atrás, reconhecer que fui parcial, desde que esteja ampliando meu raio de visão. O ser humano é complexo e não cabe a mim, nem a outro, qualquer julgamento. Menosprezo e desrespeito à opinião que é diferente da minha é um dos ingredientes que fazem a guerra. Eu sou de paz... só não estou morta!

Para entender o 4º Poder

Que a Globo não respeita jornalista, isso vem sendo mostrado há muito tempo nas novelas. Não importa o horário, todas têm um (a) jornalista picareta, mau caráter, desonesto (a), desrespeitoso (a) e outros adjetivos. Mas nessa última, Império, chamou-me a atenção a personagem de Paulo Betti: blogueiro, venenoso, temido, não é jornalista, mas é patrão de uma jornalista formada, portadora de diploma e igualmente mau caráter.

Recentemente assisti um diálogo da jornalista com a personagem da Lília Cabral. Hilário e deprimente...algo como "sua mãe não deve ter orgulho nenhum de seu diploma"... Mas o que quer e onde a Globo quer chegar denegrindo a imagens de jornalistas? Tudo bem, o Bonner, que deveria ser o exemplo de jornalismo - afinal é o primeiro da primeira emissora do país - vive tropeçando na ética e nas regras (muitas saídas da própria Globo) de condução de uma entrevista, e muitos jornalistas não podem mesmo expressar suas opiniões, porque dependem de seus empregos. Os que não podem escrever nos jornais ou falar nas emissoras, normalmente usam redes ou blogs e, na maioria das vezes, escondidos sob pseudônimos.

Então hoje, pesquisando, encontrei uma série de blogs - verdadeiramente jornalísticos - mostrando realizações do Governo Dilma, que não são mostradas na mídia convencional, com fotos e textos diretos. Daí a ficha caiu... É preciso desmoralizar também os bloqueiros... Uma pena! A mídia vem se configurando como poderosa ferramenta criadora de opiniões, saberes, normas, valores e subjetividades, utilizando-se de manobras estratégicas e manipuladoras. Essa mídia não dialoga, mas direciona a mensagem para o interlocutor, fazendo com que grande contingente de pessoas veja o mundo por suas lentes. Isso é o que se chama de 4º Poder!