quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Liberdade, liberdade

(Imagem: I wanna be adored, de Stephen Early)



Desde que aceitei o desafio de derrubar o mundo, que construí baseado nas pessoas que amo, 
coloquei em xeque meus alicerces. 
Sinto que é possível, sem alterar o visível, desnudar-me do aparato lógico, encontrar novas possibilidades 
e experimentar a sensação de liberdade. 
Uma liberdade que, segundo Sartre, “não é o arbítrio ou o capricho momentâneo do indivíduo, mas o 
radical da mais íntima estrutura da existência, separado de todos os outros”.
Não sei como se faz isso na prática...
 


Paraíso niilista


Imagem: Found drowned, George Frederick Watts. 1867



Em minha alma, hoje, 
o vazio e o nada se encontram. 
Condição de vida
Momento que antecede a morte.
O vazio e o nada se encontram em mim.
Não existe relevância na situação.
O cansaço se estampa em meu rosto,
em minhas atitudes,
na impaciência de acompanhar a rotina
dos dias, dos trabalhos, das pessoas.
A que tipo de sinal o vazio me expõe?
Alerta para a compreensão,
sem distorção
da realidade.
Nesse caminho
muitas vezes me perdi de mim.
Vivi outras vidas,
dei vida ao que morria,
emprestei minha alma,
afaguei o ego
de príncipes
que viraram sapos,
impotentes, oportunistas, dissimulados
O casulo é meu abrigo.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Melodia

Misti Pavlov
Na sensação de frio
Nas labaredas do corpo
No ritmo descompassado
No peito rasgado
Coração sangra
Misérias do cotidiano
Desejo de vida
Sem medo de morte
De tempestade
De calmaria
Vazia de amores
Plena de sonho
De fantasia
Perdida no espaço
De nevoeiro mágico
A vida retorna
Sentidos se aguçam.
Visão do futuro
Pele arrepiada
Cheiro de folha amassada
Sabor de fruta fresca
Sons indefinidos
Palavra, apenas palavra
Solidão tecida
Intimidade

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Intervalo silencioso

  Imagem: Venus at Her Mirror, de Diego Velazquez



Amanheço vazia de mim,
sem vontade de levantar,
sinto frio.
Nem certezas, nem dúvidas,
apenas o vazio.
Parece ser o fim.
Desânimo que pede aconchego,
chocolate quente.
Alma que pede alimento.
Perdida de mim,
tateio o escuro,
o obscuro,
escuto o silêncio,
penso no tempo
                                      Sobrevivi.