segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Educar para a Liberdade

Moravian Teachers Choir, de Alphonse Maria Mucha
Comecei minha vida “profissional” como educadora. Aos 12 anos já era alfabetizadora particular e ensinei muitas crianças de meu bairro a ler e escrever. Ganhava meu dinheirinho para ir ao cinema e tomar sorvete aos domingos. Pré-adolescência da qual me orgulho e cujos princípios ainda são vivos em mim. Já naquela época entendia que ensinar não podia ser do mesmo jeito para todos. Tive um aluno que eu o acompanhava em muro e árvores com o livro para dar minha aula. Outra, fazia tudo sentadinha em meu colo. E alguns nem precisavam de professora particular, como as indiazinhas queridas, lindas e inteligentes. Uma hoje é pedagoga, outra é professora do curso de História na UFMT e ativista indígena. Foi um prazer ensinar as primeiras palavras. 

Hoje sei – com convicção de quem não sabe de tudo – que a concepção de liberdade passa pelo processo de educação e educar significa formar homens conscientes de sua realidade, autônomos, atuantes e não apenas cheios de ciência. A compreensão profunda da arte de educar não desconhece que o homem é um ser em crescimento. Quando pensamos, investigamos, farejamos e concluímos, ficamos mais seguros de nossas convicções, e aí o único risco é nos tornarmos radicais, inflexíveis, daquele tipo de gente que quando é tolerante não consegue esconder o ar de satisfação pela sua superioridade.

Estou atenta e minha mente está aberta para avaliar outros pensamentos. E não há vergonha alguma se por acaso eu voltar atrás, reconhecer que fui parcial, desde que esteja ampliando meu raio de visão. O ser humano é complexo e não cabe a mim, nem a outro, qualquer julgamento. Menosprezo e desrespeito à opinião que é diferente da minha é um dos ingredientes que fazem a guerra. Eu sou de paz... só não estou morta!

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