Moravian Teachers Choir, de Alphonse Maria Mucha |
Comecei minha vida “profissional” como educadora. Aos 12
anos já era alfabetizadora particular e ensinei muitas crianças de meu bairro a
ler e escrever. Ganhava meu dinheirinho para ir ao cinema e tomar sorvete aos
domingos. Pré-adolescência da qual me orgulho e cujos princípios ainda são
vivos em mim. Já naquela época entendia que ensinar não podia ser do mesmo
jeito para todos. Tive um aluno que eu o acompanhava em muro e árvores com o
livro para dar minha aula. Outra, fazia tudo sentadinha em meu colo. E alguns
nem precisavam de professora particular, como as indiazinhas queridas, lindas e inteligentes. Uma hoje é pedagoga, outra é professora do curso de História na UFMT e ativista indígena. Foi um prazer ensinar as primeiras palavras.
Hoje sei – com convicção de quem não sabe de tudo – que a
concepção de liberdade passa pelo processo de educação e educar significa
formar homens conscientes de sua realidade, autônomos, atuantes e não apenas
cheios de ciência. A compreensão profunda da arte de educar não desconhece que
o homem é um ser em crescimento. Quando pensamos, investigamos, farejamos e
concluímos, ficamos mais seguros de nossas convicções, e aí o único risco é nos
tornarmos radicais, inflexíveis, daquele tipo de gente que quando é tolerante
não consegue esconder o ar de satisfação pela sua superioridade.
Estou atenta e minha mente está aberta para avaliar outros
pensamentos. E não há vergonha alguma se por acaso eu voltar atrás, reconhecer
que fui parcial, desde que esteja ampliando meu raio de visão. O ser humano é
complexo e não cabe a mim, nem a outro, qualquer julgamento. Menosprezo e
desrespeito à opinião que é diferente da minha é um dos ingredientes que fazem
a guerra. Eu sou de paz... só não estou morta!
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