Maria é mulher, fala de vida, de experiência, de sentimentos, de sexo, de lições e apreendizado, um universo identificado por qualquer mulher (e até mesmo homem). Ela sou eu, a outra, todas elas, qualquer mulher, uma mulher qualquer. É a mãe, a dona de casa, a profissional, a prostituta, a religiosa, a vencedora, a fracassada, a lutadora, a cansada, a jovem, a velha, a sábia, a louca. Não é Maria por acaso.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Entre o vazio e o nada
O Pensador, de Rodin
Não é exatamente um paraíso niilista, mas em minha alma hoje o vazio e o nada se encontram. Foi assim, sentindo-me despida de tudo que resolvi sair para encontrar alguns amigos. Há muito tempo estou reclusa, com relacionamentos apenas virtuais e, bem entendido, relacionamentos que não permitem nada que não seja público. É isso mesmo, não sou adepta dos masturbadores virtuais. Aliás, coloquei essa observação em um perfil e ganhei um amigo que já há sete anos bate longos e profundos papos comigo. Conversamos há sete anos e ele nunca mostrou a cara. Isso também cansa!
Voltando então ao meu vazio, enquanto me divertia deixei meu olhar se perder. Um rosto na multidão chama a minha atenção. O olhar insistente me dá abertura para um sorriso e não sei como começamos a conversar. Primeira conversa é um porre! Trocas de biografias. Para quem estava vazia, o saldo da noite foi bastante positivo. Temos um encontro marcado no mesmo horário e local na semana seguinte.
Essa reviravolta me traz as reflexões sobre o meu vazio. Parece-me ser esta uma condição que todos nós, mais dia, menos dia, acabamos enfrentando. Algo que emerge diante de situações peculiares e às vezes estressantes, como aqueles momentos que, imagino, antecede a morte. Diante de tantas perdas, começava a vivenciar algo novo. Voltava a ter curiosidade e simplesmente o nada preenchia meu vazio. Sentia-me novamente acolhida, abraçada, com vontade de percorrer o caminho que sempre me levou à transcendência do cotidiano.
O vazio e o nada se encontram em mim. Não existe relevância na situação, mas as perspectivas são como o beijo na bela adormecida. O cansaço se estampa em meu rosto, em minhas atitudes, na impaciência de acompanhar a rotina dos dias, dos trabalhos, das pessoas. Há que se perguntar a que tipo de sinal o vazio pode nos expor. Cabe unicamente a mim questionar se o despertar pode evoluir para sofrimentos psíquicos e alertar para uma compreensão , sem distorção, da realidade. Neste momento é importante, quem sabe esse encontro do vazio com o nada possa explicar meus transtornos alimentares, a ansiedade e a angústia.
A arte e a cultura sempre foram, para mim, campos para explorar e expor o vazio de forma simbólica. A dança, a pintura, o cinema, a literatura, o teatro me conduzem do vazio ao nada. O conflito só existe porque nesse caminho eu me perdi de mim. Vivi outras vidas, dei vida ao que morria, emprestei minha alma, afaguei o ego de príncipes que viraram sapos, impotentes, dissimulados, oportunistas. O casulo foi meu abrigo. Agora preciso voltar a pensar em novos vôos.
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"‘Por que há algo ao invés de nada?’"
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Quando vi o título de sua postagem hoje lembrei dessa pergunta... Até hoje, físicos, teólogos e principalmente os críticos, "desfiam enormes rosários" sobre esse assunto e parece que nunca chegarão a responder. A mim parece simples... o universo virou um tudo de mundos : o humano, o desconhecido e o virtual. Queira ou não, existem.
Uni - verso... a união de vários (e contrários)... Uma maneira de ocupar a cabeça...
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