Arrested Motion, de Matthew Grabelsky
Hoje tive vontade de escrever de
mim para mim. De buscar no próprio âmago explicações para esta existência.
Queria analisar crescimento, jeito de escrever, amadurecimento de ideias. Não
sei se a vida é um circo de horrores, mas os ciclos são visíveis. Dias marcados
por altos e baixos, dias de entusiasmo e euforia, dias de amargura e depressão,
dias de trabalho intenso e de preguiça. Sobrevivo. A despeito de estar melhor
comigo, estar entusiasmada com os novos desafios que enfrento a cada dia, o
lado fantasioso entra em colapso absoluto. Tenho tido pouca vontade de
escrever. Muitas vezes chego a redigir mentalmente um conto inteiro, mas ao
sentar-me diante do computador é como se passasse uma borracha em meu cérebro.
Sinto-me vazia. Feliz e vazia.
Os grandes romances, os melhores
poemas parecem mesmo se nutrir da tragédia, dos desencontros, da infelicidade.
E quando consigo vencer essa barreira, acredito estar apta a escrever,
surpreendo-me completamente muda. É a felicidade (ou seria a ausência de
infelicidade?) que me bloqueia? Ou seria a sensação de me sentir espectadora da
vida, quando nada mais é novidade? Quando o ser humano perdeu, para mim, o
gosto da descoberta? Pior que a ilusão que nutre minha pobre literatura, é a
apatia. É me ver frente a frente com a repetição dos ciclos. É não ter
criatividade suficiente para me superar a cada vez que no jogo da vida dá a
lógica.
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