segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Meu querido diário!


Arrested Motion, de Matthew Grabelsky


Hoje tive vontade de escrever de mim para mim. De buscar no próprio âmago explicações para esta existência. Queria analisar crescimento, jeito de escrever, amadurecimento de ideias. Não sei se a vida é um circo de horrores, mas os ciclos são visíveis. Dias marcados por altos e baixos, dias de entusiasmo e euforia, dias de amargura e depressão, dias de trabalho intenso e de preguiça. Sobrevivo. A despeito de estar melhor comigo, estar entusiasmada com os novos desafios que enfrento a cada dia, o lado fantasioso entra em colapso absoluto. Tenho tido pouca vontade de escrever. Muitas vezes chego a redigir mentalmente um conto inteiro, mas ao sentar-me diante do computador é como se passasse uma borracha em meu cérebro. Sinto-me vazia. Feliz e vazia.
Os grandes romances, os melhores poemas parecem mesmo se nutrir da tragédia, dos desencontros, da infelicidade. E quando consigo vencer essa barreira, acredito estar apta a escrever, surpreendo-me completamente muda. É a felicidade (ou seria a ausência de infelicidade?) que me bloqueia? Ou seria a sensação de me sentir espectadora da vida, quando nada mais é novidade? Quando o ser humano perdeu, para mim, o gosto da descoberta? Pior que a ilusão que nutre minha pobre literatura, é a apatia. É me ver frente a frente com a repetição dos ciclos. É não ter criatividade suficiente para me superar a cada vez que no jogo da vida dá a lógica.


Nenhum comentário:

Postar um comentário