Soledad, de Ricardo Fernandez Ortega |
Desde que resolvera atravessar o grande rio, Maria
experimenta estranhas sensações. Às vezes sente medo, mas não de chegar à outra
margem e, sim, da travessia. Outras
vezes, enche-se de coragem por perceber que melhor que a chegada é o caminho
que terá que percorrer. Deixa-se, então,
navegar nas águas profundas com a certeza que, mesmo à deriva por um tempo,
chegará ao seu destino. Seria tão simples se tivesse uma bússola, mas ela tem
apenas a si própria para se guiar, e sua
bússola é somente a percepção que tem de si mesma. Por isso se perde algumas
vezes, mas sempre reencontra sua rota.
Na noite escura da alma a
possibilidade de ser intensa e generosa se amplia, porque é do escuro que se
visualiza a luz. Ela gosta da luz, da
claridade que permite ver a beleza e harmonia que existe no mundo, independente
de guerras, tragédias, crises políticas, sociais ou econômicas. Ela não é
omissa, mas precisa de momentos para ser apenas uma vivente enamorada das
belezas cósmicas. Ela vai sim atravessar o grande rio, mas antes Maria se
permite sentir-se plena, feliz, em paz profunda!
Nenhum comentário:
Postar um comentário