segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O estrangeiro



Imagem de Shane Wolf
O clima de alegria no ambiente não era real. Por trás de cada sorriso escondiam-se almas solitárias, sedentas de toques e afetos. João estava ali, como se comandasse um grande espetáculo, mas completamente perdido de si mesmo, sem saber se encontrar em meio a tantos sentimentos. Sentia os olhares das mulheres, afinal, ele era um garoto bonito, mas como se situar? Não sabia que pedaço seu ele poderia entregar naquele ambiente que lhe era tão estranho. João, contido em seus pensamentos, imobilizado em seus gestos, sufocado em sua sensibilidade, sentia-se algemado pela situação.
De longe, Maria o observa, atraída pela curiosidade dos jogos que ele travava para poder esconder-se  No seu isolamento interno, único espaço que seu ser expandia,  pode-se observar o gestual delicado e estudado de um corpo que pedia silêncio. Procurava  ar, precisava respirar e se organizar por dentro. Seus olhos se cruzam com o de Maria. E nessa fração de segundo Maria encontra seu olhar de homem rendido. O jogo da sedução exige que haja pelo menos dois jogadores. Sua alma era prisioneira de seu corpo. João jogava consigo.

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