quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Janela

 At the window, de Carl Vilhelm Holsoe
Houve um tempo que , de onde me sentava para trabalhar, a única visão que tinha pela janela era um pé de jabuticaba. Época fértil, criativa, povoada de sonhos e fantasias. Vi florir, nascer e amadurecer os frutos. Vi larvas, casulos se formando e borboletas romperem para a vida. Ouvi o cântico das cigarras. Era como se minha vida se entrelaçasse com aquela árvore. Hoje me pergunto o que vem pela frente. Na solidão de minha sala, vejo o topo das árvores – uma mangueira, um coqueiro e um cajueiro – e topos de prédios. Mas vejo mesmo é o céu. Ele toma conta de quase toda janela. Às vezes azul e com nuvens brancas, outras cinzentas, chuvosas. E são muitos os sons. Pássaros que não identifico, bem-te-vis, pardais, latidos de cachorros, carros que passam longe. Um tempo, de novo, para ficar comigo.

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