Imagem: Penning A Letter, de George Goodwin Kilburne |
Estou de bem comigo, mas tenho tido pouca vontade de escrever. E quando consigo vencer a minha barreira, surpreendo-me completamente muda. É a felicidade (ou seria a ausência de infelicidade?) que me bloqueia? Ou seria a sensação de me sentir espectadora da vida, quando nada mais é novidade, quando o ser humano perdeu, para mim, o gosto da descoberta?
Os grandes romances, os melhores poemas de amor parecem mesmo se nutrir da tragédia, dos desencontros, da infelicidade. Pior que a ilusão que nutre minha pobre literatura, é a apatia em viver. É não saber o que é necessário para ser feliz. É a certeza de que tudo o que existir depois da vida será lucro, porque, aqui e agora, tempo e espaço limitam meu ser. Pior que esta inadequação é me ver frente a frente com a repetição dos ciclos. É não ter criatividade suficiente para me superar cada vez que no jogo da vida dá a lógica.
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