The Passage, de Maureen Hyde |
Há momentos na vida que sentimos angústia por não
compreendermos nossa condição humana e, ainda assim, ao mesmo tempo, atingimos
estados de consciência em que tudo e nada se confundem e se completam. A angústia
dá uma sensação de aperto no coração, desperta medos, sem que saibamos
exatamente de quê. Momentos que o estudo disciplinado de si mesmo fornece
ferramentas necessárias para enfrentarmos o sentimento de desamparo. Somos
desafiados a ficar diante de nós mesmos e responder perguntas que sempre
evitamos. É neste momento que o conteúdo interno faz a diferença e separa o
mundo interior do exterior. Ficamos firmes como a rocha diante das tempestades
e vicissitudes da vida. Não é uma questão de educação, cultura ou conhecimento
científico, mas de nossa capacidade de interiorização, de administrar os
conflitos, de mergulhar na dor e se entregar à vacuidade, ao sentido de
inexistência.
Angustiar-se é existir. Quando percebemos que momentos de
dor não nos representam, encontramos força suficiente para buscar os
fundamentos de Ser. Falar de morte é falar de vida, de renovação, de
transformação. No confronto com a morte, o tempo adquire novos significados e
assume maior importância na orientação das atividades diárias. A compreensão de
que esta vida é passageira, que nosso tempo para ser feliz é aqui e agora,
deveria funcionar como um estado de alerta para todos nós. Quem vive sabendo
que vai morrer, certamente aproveita melhor seu tempo e privilégio de partilhar
sua existência
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