Woman with a Burden, de Ron Cheek |
Albert Camus usa o mito de Sísifo para explicar a condição
humana e promover o que ficou conhecido como “A revolta metafísica”. Explicava
Camus que a vida dos homens era tal como o mito de Sísifo: seguir uma rotina
diária, sem sentido próprio, determinada por instâncias como a religião e o
sistema capitalista de produção. No mundo administrado, levantamos de manhã,
trabalhamos, comemos, reproduzimos etc., e tudo isso não faz o menor sentido,
já que se refere a modos de pensar que se impõem ao indivíduo sem que ele
participe da estruturação desse modo de vida, como se não tivéssemos escolhas.
Entretanto, a culpa de Sísifo foi pensar por conta própria.
E sua condenação foi aquela que mais sofrimento pode trazer a um homem que
pensa: a realização de um trabalho sem sentido. Por toda a eternidade deveria
Sísifo empurrar uma grande pedra redonda até o cume de uma montanha. Ao
completar seu trabalho, ele veria a pedra simplesmente rolar ladeira abaixo por
força da gravidade. E então ele deveria trazê-la de volta…
O belo, na história de Sísifo, é que ele continua fazendo
seu trabalho, e este é o seu objetivo. Ao subir a ladeira, ele se confunde com
a própria pedra, comunga com ela o destino de ascender, de não estancar em
lugar algum. Ao rolar a pedra, o herói executa sua arte. A descida não lhe
interessa, não depende dele, é natural e inexorável.
Sísifo poderia livrar-se do castigo, mas para isso teria que
tornar-se inconsciente, ou talvez morrer. Mas ele ama esses dois companheiros:
a vida e a consciência. Então continua, mesmo sem considerar a possibilidade de
deixar lá em cima a pedra.
A maldição de Sísifo é o que o transformou no verdadeiro
herói, como todos somos.
Música: Jota Quest:
" E eu vou!
Esquecer de tudo
As dores do mundo
Não quero saber
Quem fui
Mas sim quem sou
E eu vou!
Esquecer de tudo
As dores do mundo
Só quero saber do seu
Do nosso amor... "
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