Painting Studio, de Daniel Bilmes |
Acredito que ao nascermos encontramos uma parte da vida já
desenhada, o cenário, cujo traçado não dependeu de nós. A outra parte está em
branco para que a gente possa preencher de acordo com o que somos. Nem sempre
precisamos de grandes acontecimentos para sentirmos motivados para a vida,
precisamos apenas compreender os pequenos acontecimentos. Em tempo de tirar
máscaras, fico impaciente se me pedem para colocar uma. Nortear-me por
princípios universais, valores próprios e códigos de ética individuais pode
parecer extravagância, excentricidade ou que sou temperamental demais. Nada
disso. Vivo mesmo é em um mundo mágico, reservado àqueles que se detém a olhar
além do que está visível, um mundo impenetrável por mascarados. Será que pedir
uma vida transparente, honesta, verdadeira é pedir muito?
Cada manhã um novo dia se perfila à nossa frente. Algumas
coisas seguem o planejamento, outras nos fogem ao controle. Não se controla a
vida, não temos poder de garantir o futuro. Podemos ser senhores de nosso
destino, apenas no campo mental, que é onde acontecem as coisas do espírito.
Parece que preciso de uma caixa de lápis de cor de pelo menos 48 matizes, para
pintar as penas do anjo que mora dentro de mim. Não consigo ainda ter o cenário
completo de minha vida, mas cada palavra que consigo extrair de mim é uma peça
que entra em cena.
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