Poucos imaginam minha luta para voltar à vida, para
acreditar de novo na humanidade, na política. Poucos imaginam que passei meses
sem que brotasse um sorriso espontâneo em meu rosto. Meses em que preferia
ouvir “eu quero tchu” que deixar a alma se embebedar de sensibilidade na música
das esferas. Poucos imaginam a dor que é perder a motivação e o desejo de
escrever, quando isso parece ser a única coisa que se sabe fazer. Em meu lado
sombrio habitava o desejo de reconhecimento, em conflito com meu lado luz, que
achava isso uma bobagem muito grande. O melhor é que essa fase passou.
Feliz quem sabe dobrar os joelhos em oração e alçar
dimensões superiores mesmo diante das dificuldades. Feliz quem consegue
transformar a oração em canto de exaltação. Feliz daquele, cuja oração permite
romper os muros da solidão, do medo, da fragmentação. Feliz o homem que
compreende que não vai mudar o mundo, mas que poderá dar sua contribuição
moldando a si próprio. Ninguém pode moldar o mundo à sua vontade, mas pode
educar-se, disciplinar-se, gerar ações positivas. Este é o grande poder do
indivíduo, enquanto apenas indivíduo. Trabalhar por um mundo melhor, implica
trabalhar por um ser humano melhor, consciente, generoso, sem preconceitos e
tolerante.
Então, estou de volta à vida e à luta.
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