Aphrodite, de Robert Fowler (1853 - 1926) |
Maria está pensativa nesses últimos dias. São pequenos
detalhes que tem para resolver, mas as circunstâncias parecem aumentar a
importância deles. Além disso, são muitas áreas que tem que atender. Mas o que
sente não é desânimo, é apenas aborrecimento, já que a vida insiste e
apresentar tudo de uma só vez. Suas convicções são suficientemente robustas
para enfrentar as adversidades. Está uma manhã bonita, de sol e céu azul,
apesar do frio, que a inspira a pensar na vida, um exercício de se esvaziar de
pensamentos para tão somente apreciar a harmonia e beleza da criação.
As palavras fogem e a poesia se acrescenta ao olhar, com o único propósito de
sentir e reverenciar esse momento pleno. Lá fora, nada mudou: política, copa,
trânsito mal humorado, filas em bancos, pontos de ônibus, hospitais. O
cotidiano de lutas não permite que a contemplação passe dos momentos. Estado
que Maria apenas visita, que se sujeita aos ciclos de seu humor, de sua
capacidade de abstrair. É um estado que, aos olhos do mundo, se chama
alienação. No entanto, os rumores que ouve, ao vivenciar esses momentos, não
incomodam. Visita campos mentais, que nem todos terão o privilégio de conhecer.
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