quarta-feira, 25 de junho de 2014

As duas faces do amor

Venus and Adonis, de Jacopo Amigoni
Vênus e Adônis é um poema de Shakespeare e insinua uma alegoria moral, na maneira da mitologia. Vênus representa a si mesma como deusa, não somente da paixão erótica, mas também do amor eterno conquistando o tempo e a morte. Porque Adônis perversamente recusa esse ideal, Vênus conclui que a beleza humana deve perecer e que a felicidade humana deve ser sujeita ao infortúnio. Vênus e Adônis são porta-vozes de atitudes contrastantes diante do amor. 

Vênus, por exemplo, alerta Adônis da necessidade de precaução ao perseguir o javali, opina que “O perigo planeja mudança; a argúcia espera com medo”. Adônis suplicando o seu despreparo para o amor, cita analogias de triviais: “Nenhum pescador exceto o girino imaturo reprime / A suave ameixa cai; o verde crava rápido”. No âmago, seus argumentos são usualmente convencionais. Vênus encoraja se apegar ao momento do prazer. “Faça uso do tempo, não deixe a vantagem escorregar; / A beleza dentro de si não deve ser desperdiçada”. Adônis pleiteia tempo para amadurecer.
Assim, nenhum competidor ganha o argumento.

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