domingo, 6 de março de 2011

Nós


Imagem: Apollo e Daphne, de Waterhouse
Poema de J.G. de Araújo Jorge


Afinal o que eu sinto
é o sofrimento atroz
de muito tarde descobrir que nunca
falaremos em nós...

Eu, serei eu; - tu, serás tu,
e eternamente assim
nem nunca me terás como queres que eu seja
nem serás como eu quero que sejas pra mim...
Muito tarde... muito tarde...
-depois que assim te quero, e preciso de ti
como os pulmões de ar
ou os olhos de luz,
é que vou descobrir que se ficarmos juntos,
eu poderei te odiar, tu poderás me odiar!
- Quem diria afinal, ao que o amor se reduz?!

Estraguei tua vida e desgraçaste a minha
e fomos acordar, os dois, tarde demais...
Agora, eu sigo só,
tu, seguirás sozinha,
eu, fugindo, - covarde!...
a este amor que me espinha!
tu, querendo, - medrosa!...
inutilmente a paz!

E o que é estranho afinal, é que nós nos amamos,
e sentimos no entanto que nos separamos,
cada um com a sua sombra dolorosa a sós...
-conformados, na dor cruel nos convencemos.
de que nunca na vida, eu e tu... seremos
nós...

7 comentários:

  1. Vim beber na fonte, mas a água hoje estava amarga.

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  2. Agora seguindo publicamente! Assumindo minha paixão pelas histórias de Maria!

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  3. Que bom Rô que você mostrou a cara!... Mas continue bebendo desta água, mesmo amarga, é produto de muita reflexão... Beijos!

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  4. Caro (a) Anônimo (a) , a vida é triste... como titulei um antigo post: "A verdadeira beleza é triste!". Volte sempre!

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  5. Sou, literalmente, apaixonada pelos poemas do J.G.;também neste, vejo o meu cotidiano. Lindo final de semana, intemasvê!

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  6. Diidi querida, o que sempre me pergunto é se não procuro exatamente aquele que sei que vai dar errado...

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