Luxemburg night, bu Leonid Afremov |
De Munique a Luxemburgo a viagem começa a ter gosto de
despedida. Chegamos então ao paraíso fiscal, um minúsculo país incrustado no
meio da Europa. Acho que foi uma das gares mais bonitas por onde passamos e a
noite ficava toda dourada com a iluminação. Em compensação o hotel deixou a
desejar. Durante a nossa viagem ficamos, na maioria, em hotéis Mercure e Ibis
(verde e azul), mas em Luxemburgo ficamos em um Ibis vermelho. Localizado próximo à
gare, embora as acomodações fossem boas e dentro do hotel o ambiente bem
familiar, o lado de fora nos pareceu estranho, mas nada que pudesse representar
problema. Deu para encarar.
Em Luxemburgo comecei a me sentir mais em casa, depois de bom
tempo ouvindo línguas estranhíssimas como o tcheco, o húngaro e o alemão, na
cidade se falava o francês, ouvia-se muito português (cerca de 16% da população
é portuguesa) e eu podia ler as placas de informação e cardápios. A passagem
por Luxemburgo seria rápida e não perdemos tempo. Deixamos as malas no
hotel e saímos para passear. O tempo era pouco então tivemos que selecionar o
que queríamos ver. Passeamos pela cidade, fomos ao parque, ao Palácio Grão
Ducal, Catedral, e paramos para almoçar na Place D’Armes. A praça é cercada de
cafés e restaurantes, todos com os chamados terraços (mesinhas nas calçadas e
opções de serviço dentro e fora do estabelecimento já em pleno funcionamento
nesse terço inicial da primavera). E como em toda cidade europeia, muitas
floreiras, muita variedade de tulipa. Um lugar muito agradável. No coreto
central acontecem as atividades culturais, com concertos durante todas as
noites de verão. Não era bem horário de almoço, estava mais pra
happy hour, ainda assim comemos muito bem e fizemos o retorno para o hotel sob
as luzes noturnas da cidade, mas pudemos apreciar ainda alguns monumentos e a
ponte sentindo o friozinho gostoso. Luxemburgo é bonita e tem algumas
características que a tornam diferente. Em meio às construções centenárias é
sempre possível encontrar uma com arquitetura moderna, abusando de vidros,
formas arredondadas e muita iluminação. Luxemburgo é muito muito.
Era nosso último dia do grupo dos cinco. E eu fui invadida
por grande tristeza. Durante esses primeiros quinze dias aprendi a conhecer
melhor meus companheiros de viagem, não meu irmão e cunhada, esses já convivo
com eles há muito tempo, mas, em especial, Adélia e Marcelo. Durante esses
dias ganhei mais dois irmãos no sentido exato da palavra, que também me
chamavam de Maninha, se preocupavam comigo em detalhes que só mesmo eu percebia
a importância. É claro, são amigos do Dedé, o carinho a mim dispensado de certa forma era reflexo daquela amizade, mas nem por isso menos importante. O carinho não está incluído no quesito educação, certo? Isso é um extra a que dou grande valor. Não saí para essa viagem em meus melhores dias. Meu coração
ainda chorava a dor da perda do papai. Ficava ansiosa para ter notícias de
minha mãe que, sem dúvida, enfrentava no momento, além da perda, a minha
ausência.
Minha tristeza se dissipava perto da Adélia. À exceção do domingo em Dachau, ela estava sempre alegre, cheia de entusiasmo, com olhar vivo e curioso sobre tudo. Não foi à toa que a elegi “miss simpatia” da viagem. Foi também minha modelo preferida. Bastava chamar e ela já virava sorridente, pronta para a foto. Marcelo com sua aparência de monge indiano transmite sempre serenidade e junto com seu estilo está um olhar observador. Sempre ponderado com as palavras. Muitas são as “acontecências” durante as viagens, mas destaco uma aqui, para ilustrar essa imagem que descrevi do Marcelo: no metrô em Viena entrou um menino de mais ou menos 6/7 anos com o pai e ao ver o Marcelo juntou as mãozinhas e lhe fez reverência. Brincadeira ou não é essa imagem que ele passa. Aproveito este post para agradecer aos meus novos irmãos Marcelo e Adélia pela companhia extraordinária.
Minha tristeza se dissipava perto da Adélia. À exceção do domingo em Dachau, ela estava sempre alegre, cheia de entusiasmo, com olhar vivo e curioso sobre tudo. Não foi à toa que a elegi “miss simpatia” da viagem. Foi também minha modelo preferida. Bastava chamar e ela já virava sorridente, pronta para a foto. Marcelo com sua aparência de monge indiano transmite sempre serenidade e junto com seu estilo está um olhar observador. Sempre ponderado com as palavras. Muitas são as “acontecências” durante as viagens, mas destaco uma aqui, para ilustrar essa imagem que descrevi do Marcelo: no metrô em Viena entrou um menino de mais ou menos 6/7 anos com o pai e ao ver o Marcelo juntou as mãozinhas e lhe fez reverência. Brincadeira ou não é essa imagem que ele passa. Aproveito este post para agradecer aos meus novos irmãos Marcelo e Adélia pela companhia extraordinária.
Contei no post de Berlim como fiquei constrangida com a
abordagem do segurança do supermercado, mas como venho dizendo ao longo desses
posts-relatórios de viagem, há sempre tanta informação para ser processada que
muita coisa não dá para ser escrita. Mas volto ao episódio de Berlim para
agradecer também à minha cunhada Cleuza. Depois que o segurança olhou o que eu
tinha nas sacolas – ela que tirou uma a uma as peças – com muita educação ele
nos pediu desculpas, tentou explicar que poderia ser alguma etiqueta das novas
roupas que não tinha sido desmagnetizada. Aí, com ligeiro tremor nos lábios e
com a dureza que lhe é peculiar, ela disse em quatro idiomas – cada palavra em
um – “tudo bem, nós é que perdoamos você”. Dá para imaginar essas palavras
ditas em inglês, francês, português e espanhol? Então vejamos: Ok, nous
perdoamos usted. Agora a gente ri e nem
sei como pude prestar atenção nisso. Obrigada Cleuza, é nessa hora que a gente
tem a certeza de que somos família e que esses 40 anos de convivência serviram
para estreitar esses laços.
Em relação ao meu irmão não sei por onde começar. Sempre foi
meu ídolo, aquela coisa de irmã mais nova mesmo. A vida coloca cada um em seu
caminho, mas no caso, ele foi dotado de um espelho retrovisor e assim, nunca me
perdeu de vista. Sua companhia é sempre muito agradável. Extremamente sensato, observador,
estudioso, atento e cuidadoso, representou para o grupo todo o ponto de apoio,
a segurança que a gente busca quando está em um país estranho. Um guia turístico perfeito. Pesquisou antes,
visitou pelo google heart todos os lugares que fomos e parecia conhecer tudo
como a palma de sua mão. Às vezes que não acertava é porque perdia o norte,
então ganhou uma bússola do Marcelo. Essa viagem para mim foi presente dele.
Não gastei um tostão com passagem, hotel, alimentação, transporte. O dinheiro que gastei foi para comprar
bugigangas – que ele ajudou a carregar – com a mesma complacência que se tem
com crianças. Obrigada Dedé! Nossa viagem não termina aqui. Agora vamos para
Paris realizar meu sonho adolescente.
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