|
Francesco Hayez |
Acordo sentindo ainda sua mão despudorada investigando cada
milímetro de meu corpo, penetrando as minhas entranhas. Mergulho a cabeça entre
lençóis e travesseiros, testemunhas de meus sonhos, de minha solidão
compartilhada. É como se você me espreitasse. Perturbo-me com as lembranças de
uma música suave composta de suspiros, respirações ofegantes e algumas
palavras, por que nem sempre são necessários poetas para fazer poemas e muito
menos palavras que rimem. Quero ficar na cama o dia todo, mas não posso. Fico
mais um pouco, perdida com minha música que ninguém ouve, de olhos fechados,
com o pensamento fixo no vazio, a aguardar alguém que não vai chegar. Murmuro
coisas que você não ouve, não ouvirá. Estou no limite do prazer e da posse, o
penso em você como se meditasse sobre o princípio da vida. E continuo a
dormitar no silêncio que o prazer me transmite. Seria um crime violar a
propriedade sensual que essas imagens me inspiram. Em meu abandono, está outra
forma de ser possuída sexualmente. Entrego ao tempo a sexualidade do corpo, sem
medo. Como um relógio que para o instante, cheio de imagens provocantes, que
traz você, de novo, para perto de mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário