Claude Lorrain (1600-1682) The Dance Of The Seasons |
Poucas
vezes paramos para observar e tentar compreender o tempo – embora
inteligentemente dividido em segundos, minutos, horas, dias, meses,
anos, anos-luz – a percepção dele é individual. Quando se aguarda por
alguma coisa, parece que o relógio para. O tempo fica estacionado na
ansiedade. Outras, quando se tem tanto para fazer, o tempo lhe foge das
mãos. É tudo tão rápido, como se fosse um piscar
de olhos. A história, a memória, as contingências da vida, as
esperanças, as expectativas delineiam o tempo, criam uma linha
imaginária, situam-nos, mas o significado do tempo passa despercebido. O
jovem não conta o tempo. A vida lhe parece eterna. O tempo continua a
ser contado em dias, anos, até que, na estação da existência, se chega
ao outono/inverno. Um dia buscamos na memória e vemos a linha do
tempo. Então é tempo de correr, de viver o que ainda não viveu, e o
tempo se acelera à sua frente. Ele corre, mas o tempo é mais ágil, corre
mais depressa. Também chega o tempo em que não há mais pressa. O
tempo está sempre ali. Um tempo que permite ser sentido, que transforma
sentimentos, que destrói as ilusões e indica a direção a ser tomada.
“Estrada eu sou”, diz Almir Sater na música “Tocando a vida”, uma
composição inteligente em melodia e letra: Só levo a certeza/ De que
muito pouco sei,/ Ou nada sei./ Penso que cumprir a vida/ Seja
simplesmente/ Compreender a marcha/ E ir tocando em frente. Assim, os
sonhos, as fantasias, o lúdico, o conto de fadas, são elementos de um
mundo antigo que não nos pertence mais.
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