sábado, 3 de maio de 2014

A dança do tempo


Claude Lorrain (1600-1682)
The Dance Of The Seasons

Poucas vezes paramos para observar e tentar compreender o tempo – embora inteligentemente dividido em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, anos-luz – a percepção dele é individual. Quando se aguarda por alguma coisa, parece que o relógio para. O tempo fica estacionado na ansiedade. Outras, quando se tem tanto para fazer, o tempo lhe foge das mãos. É tudo tão rápido, como se fosse um piscar de olhos. A história, a memória, as contingências da vida, as esperanças, as expectativas delineiam o tempo, criam uma linha imaginária, situam-nos, mas o significado do tempo passa despercebido. O jovem não conta o tempo. A vida lhe parece eterna. O tempo continua a ser contado em dias, anos, até que, na estação da existência, se chega ao outono/inverno. Um dia buscamos na memória e vemos a linha do tempo. Então é tempo de correr, de viver o que ainda não viveu, e o tempo se acelera à sua frente. Ele corre, mas o tempo é mais ágil, corre mais depressa. Também chega o tempo em que não há mais pressa. O tempo está sempre ali. Um tempo que permite ser sentido, que transforma sentimentos, que destrói as ilusões e indica a direção a ser tomada. “Estrada eu sou”, diz Almir Sater na música “Tocando a vida”, uma composição inteligente em melodia e letra: Só levo a certeza/ De que muito pouco sei,/ Ou nada sei./ Penso que cumprir a vida/ Seja simplesmente/ Compreender a marcha/ E ir tocando em frente. Assim, os sonhos, as fantasias, o lúdico, o conto de fadas, são elementos de um mundo antigo que não nos pertence mais.

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