Imagem: Munch - Two Peoples The Lonely
Maria chega em casa arrasada. Encontrava-se com a realidade, com elementos que enriqueciam seu conteúdo no pequeno círculo masculino em que transitava.
Conversava com desconhecidos, fazia-lhes perguntas íntimas, queria saber como se sentiam diante das adversidades, dos relacionamentos. Eram homens comuns, alguns com o brilho da inteligência, com enorme capacidade de realização, mas comuns. O que os fazia iguais era sempre a forma de se relacionar, de objetificar a mulher, de colocar o sexo em prioridade ao Ser.
Aquela pesquisa a deixava confusa. O questionário era padronizado, com pouquíssimas perguntas abertas, mas de alguma forma ela pressentia que a margem de erro seria mínima mesmo se xerocasse os questionários. As respostas pareciam ensaiadas, ainda que se diferenciassem quanto à religião, ao grau de instrução e à classe social.
Quando se aventurou a descrever o comportamento masculino do homem de meia idade, acreditava que seria uma grande oportunidade de conhecer pessoas diferentes, capazes de exteriorizar as lições que aprenderam na vida. Encontrava homens pacatos, acomodados ao casamento e ao conforto de uma família, raramente encontrava homens apaixonados por suas mulheres. Encontrava homens voltados para a neurótica ascensão profissional, para a vigilância da fortuna acumulada, para a preservação de uma imagem de homem forte e viril. Encontrava homens fracos e desiludidos, viciados mal resolvidos, buscadores incansáveis de uma felicidade utópica, mas não encontrava o homem que queria. Não era o homem perfeito que buscava para ilustrar seu trabalho, mas o homem consciente, que não estivesse correndo atrás do tempo perdido, que procurasse na rotina o encantamento de um amor que se renova e amadurece com a convivência, que o trabalho não fosse a fuga da sua impotência, que o sexo anônimo não acobertasse as dificuldades da parceria constante.
O homem que não aprende com a maturidade está fadado á decadência moral na velhice. Saber viver, com certeza, é preparar o terreno para entrar na velhice com dignidade. É criar valores que sirvam de suporte num momento em que faltam forças físicas para superar a vida. É por ser o homem uma criatura capaz de pensar a si mesmo e de questionar a própria existência que se diferencia dos animais.
Maria estava cansada de tudo aquilo. Queria a rotina, as coisas simples do dia a dia, preparar uma sobremesa especial, tomar um vinho num dia de chuva, curtir a companhia silenciosa enquanto cada um lia seu livro. Não tinha situações semelhantes para lembrar, portanto queria construir cada etapa de uma vida a dois.
Hoje, por alguns momentos, ela acreditou na esperança. Por alguns momentos apenas.
Maria é mulher, fala de vida, de experiência, de sentimentos, de sexo, de lições e apreendizado, um universo identificado por qualquer mulher (e até mesmo homem). Ela sou eu, a outra, todas elas, qualquer mulher, uma mulher qualquer. É a mãe, a dona de casa, a profissional, a prostituta, a religiosa, a vencedora, a fracassada, a lutadora, a cansada, a jovem, a velha, a sábia, a louca. Não é Maria por acaso.
Isto equivale a todos os homens são quase iguais. Torço para que Maria encontre o seu João na medida exata de suas expectativas. Seu blog para mim já é um vício!
ResponderExcluirÉ verdade Rosana e somos salvas pelo "quase". om certeza as preciosidades não estão descritas, mas existem...
ResponderExcluirPecado
ResponderExcluirConheci "Maria" quando chovia..
Meu Deus, pequei, pequei um absurdo..
Pequei ao vê-la vindo ao meu encontro..
Pequei em sentir lhe a pele, em lhe abraçar.
Pequei em observar o seu sorriso...
...sua fala, enfim, pequei muitas vezes em pensamento.
Meu Deus pecar assim é pecado mesmo? Continuo pecando.
Mas, para mim pecado seria se ela tivesse me oferecido a maçã, e eu tivesse aceitado. Mas, ela só me ofereceu um cafezinho, isto não é pecado.
Na despedida a convidei para tomar um vinho, ela disse não, é muito pecaminoso.
João
Sonho lindo
ResponderExcluirSonho lindo que se foi
Esperança que esqueci
Foi por medo de perder que eu perdi
Tanto eu tinha pra dizer
Tanta coisa eu calei
Foi por medo de sofrer que sofri
Foi pensando em me guardar
E querendo não querer
Me dizendo pra esquecer
Foi pensando só em mim
Que eu pensei só em você
Foi tentando me afastar
Foi negando o meu amor
Foi por não querer amar que eu amei...você