Pedro Campos |
No segundo dia em Paris a ficha começou a cair. Dessa vez
aprontei bonitinha e começamos nosso passeio pela imediação do Hôtel des
Invalides. Sim, eu estava realmente em Paris, e com gostinho brasileiro.
Explico: tomamos sorvete de uma barraca em que o rapaz estava ouvindo música
brasileira e conversamos um pouco. Ele é a terceira geração de sorveteiro no
mesmo lugar e nos mostra orgulhoso o jornal que conta a história.
Não me lembro exatamente de que lado descemos do Metrô, mas
eu delirava em silêncio com a beleza da Ponte Alexandre III, cenário de muitos
filmes, e eu com a tremenda sensação de que conhecia muito bem aquele local dei
asas ao meu romantismo. Fazia a ponte entre a fantasia e a realidade e o
sentimento se encontrava ali, na Ponte Alexandre III. Magnifíca, imponente,
suntuosa, elegantérrima, como tudo que a gente vê na Europa. Unindo O Grand Palais e Petit Palais ao Hôtel
des Invalides, e por perto da Avenue Champs Elysée. Voltamos a esse ponto no
fim do passeio do dia. Pausa para fotografar uma coreana de cabelos ruivos que
circulava sozinha. Engraçado como a gente se comunica, mesmo com os entraves da
língua. A ponte fez isso. Uniu a coréia ao Brasil. A ruivinha dos olhinhos
puxados à cuiabana quase ruiva. Sons, cheiros, cores e o sol que ofuscava os
olhos eram sinais que tudo era real. E lá no fundo eu agradecia por poder ver
tudo aquilo.
Sentamos em silêncio em frente ao Grand Palais e Petit
Palais para sentir o ambiente parisiense sem ser apenas turistas. Agora, quase um ano depois, escrevendo,
veio-me à lembrança que vimos uma equipe, possivelmente de paramédicos,
colocando uma senhora na ambulância. Isso estava apagado da memória, mas me
lembro agora que em mim o silêncio se aprofundou pelas lembranças que deixei no
Brasil. Meu coração ainda doía pela perda de meu pai.
Voltemos à ponte, e
ao romantismo que a envolve vou acrescentar uma certa frustração por não
conseguir fotografá-la por inteiro. A
ponte é um museu aberto a ser explorado. Em cima das colunas tem esculturas
douradas. Cada detalhe, cada escultura,
cada poste/lampião, cada Alegoria Art Nouveau parecia evocar saudade. Um
sentimento que hoje se repete. Ela me lembrou um pouco a ponte Carlos em Praga,
mas não consegui curtir a outra como essa. Acho que foi por causa dos turistas.
Não tinha mesmo como parar para observar detalhes. É tanta informação para a gente absorver, que
começo a pensar na possibilidade de voltar à Paris. Certamente seriam novos
olhares. Esse segundo dia já foi diferente do primeiro. A emoção estava lá, mas
mais controlada.
Do outro lado, no Hôtel des Invalides a história das
guerras, as lutas políticas, os restos mortais de Napoleão Bonaparte e outras
figuras importantes na história francesa. Ali era um hospital, destinado a
abrigar inválidos de guerra, e ainda continua sendo. Pudemos ver alguns
pacientes tomando sol. O dia estava muito bonito, ensolarado, embora frio. A
Cathedral de Saint-Louis des Invalides tem uma cúpula dourada e é lá que
estão as sepulturas. Andamos um pouco ali por dentro, por alguns corredores e
encontramos um café e um jardim para sentar mais um pouquinho antes de seguir o
passeio. É... já estava na França há cinco dias e ainda não conhecia a Tour
Eiffel. Cinco dias e não conhecia o maior símbolo da França. O monumento que
todo mundo reconhece, como o Pão de Açúcar ou o Cristo Redentor no Rio.Estava visto o conjunto-monumento consagrado pela República à glória da arte francesa, e símbolo do gosto de parte da sociedade da época (Belas Artes).
De todos, me encantou mais a ponte. Fotografei-a mais no último dia de Paris, durante passeio pelo Rio Sena, mas nenhuma foto consegue reproduzir a beleza impregnada em meu olhar.
O passeio continua em direção à Tour Eiffel!
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