terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

A Ponte da Imaginação

Pedro Campos


No segundo dia em Paris a ficha começou a cair. Dessa vez aprontei bonitinha e começamos nosso passeio pela imediação do Hôtel des Invalides. Sim, eu estava realmente em Paris, e com gostinho brasileiro. Explico: tomamos sorvete de uma barraca em que o rapaz estava ouvindo música brasileira e conversamos um pouco. Ele é a terceira geração de sorveteiro no mesmo lugar e nos mostra orgulhoso o jornal que conta a história.

Não me lembro exatamente de que lado descemos do Metrô, mas eu delirava em silêncio com a beleza da Ponte Alexandre III, cenário de muitos filmes, e eu com a tremenda sensação de que conhecia muito bem aquele local dei asas ao meu romantismo. Fazia a ponte entre a fantasia e a realidade e o sentimento se encontrava ali, na Ponte Alexandre III. Magnifíca, imponente, suntuosa, elegantérrima, como tudo que a gente vê na Europa.  Unindo O Grand Palais e Petit Palais ao Hôtel des Invalides, e por perto da Avenue Champs Elysée. Voltamos a esse ponto no fim do passeio do dia. Pausa para fotografar uma coreana de cabelos ruivos que circulava sozinha. Engraçado como a gente se comunica, mesmo com os entraves da língua. A ponte fez isso. Uniu a coréia ao Brasil. A ruivinha dos olhinhos puxados à cuiabana quase ruiva. Sons, cheiros, cores e o sol que ofuscava os olhos eram sinais que tudo era real. E lá no fundo eu agradecia por poder ver tudo aquilo.


Sentamos em silêncio em frente ao Grand Palais e Petit Palais para sentir o ambiente parisiense sem ser apenas turistas.  Agora, quase um ano depois, escrevendo, veio-me à lembrança que vimos uma equipe, possivelmente de paramédicos, colocando uma senhora na ambulância. Isso estava apagado da memória, mas me lembro agora que em mim o silêncio se aprofundou pelas lembranças que deixei no Brasil. Meu coração ainda doía pela perda de meu pai.



Voltemos à ponte,  e ao romantismo que a envolve vou acrescentar uma certa frustração por não conseguir fotografá-la por inteiro.   A ponte é um museu aberto a ser explorado. Em cima das colunas tem esculturas douradas.  Cada detalhe, cada escultura, cada poste/lampião, cada Alegoria Art Nouveau parecia evocar saudade. Um sentimento que hoje se repete. Ela me lembrou um pouco a ponte Carlos em Praga, mas não consegui curtir a outra como essa. Acho que foi por causa dos turistas. Não tinha mesmo como parar para observar detalhes.  É tanta informação para a gente absorver, que começo a pensar na possibilidade de voltar à Paris. Certamente seriam novos olhares. Esse segundo dia já foi diferente do primeiro. A emoção estava lá, mas mais controlada. 


Do outro lado, no Hôtel des Invalides a história das guerras, as lutas políticas, os restos mortais de Napoleão Bonaparte e outras figuras importantes na história francesa. Ali era um hospital, destinado a abrigar inválidos de guerra, e ainda continua sendo. Pudemos ver alguns pacientes tomando sol. O dia estava muito bonito, ensolarado, embora frio.  A  Cathedral de Saint-Louis des Invalides tem uma cúpula dourada e é lá que estão as sepulturas. Andamos um pouco ali por dentro, por alguns corredores e encontramos um café e um jardim para sentar mais um pouquinho antes de seguir o passeio. É... já estava na França há cinco dias e ainda não conhecia a Tour Eiffel. Cinco dias e não conhecia o maior símbolo da França. O monumento que todo mundo reconhece, como o Pão de Açúcar ou o Cristo Redentor no Rio.Estava visto o conjunto-monumento consagrado pela República à glória da arte francesa, e símbolo do gosto de parte da sociedade da época (Belas Artes). 
De todos, me encantou mais a ponte. Fotografei-a mais no último dia de Paris, durante passeio pelo Rio Sena, mas nenhuma foto consegue reproduzir a beleza impregnada em meu olhar.

O passeio continua em direção à Tour Eiffel!


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