Boulevar Bonne Nouvelle, Paris de Edouard Leon Cortes (1882-1959) |
É. A caminhada da Tour Eiffel ao l’Arc de Triomphe é longa e
tive tempo para me lembrar de Maria, até porque fomos por uma rua, cujo nome me
remetia ao meu purgatório. Não conseguiu estragar o passeio, mas me fez ficar
mais introspectiva. Somando ainda que o tempo vai passando e a gente vai
ficando mentalmente cansada, pela quantidade de informação que recebe com todos
os sentidos. Então faço essa caminhada em silêncio na companhia de Maria. Até a
voz que vem de dentro, para ser ouvida, precisa de silêncio. É no silêncio que a palavra toma forma. É no
silêncio musical que me sento diante do computador, na tentativa de partilhar
um pouco daquilo que vou coletando na vida. Aqui falo sozinha também. Alguns me
leem, mas não interagem, não ouço suas concordâncias ou discordâncias. Mas Maria e eu somos como as duas velhinhas
que se visitam toda semana, ficam horas juntas e não dizem uma só palavra, não
porque não tem o que dizer, mas porque o que trazem para a partilha não cabe em
palavras. Ainda assim, vivo tentando colocar sentimentos em palavras, preciso
delas para viver a magia que está nos intervalos silenciosos que há entre elas.
É nesse silêncio que se ouve a melodia que não há.
Assim, aquela caminhada se torna simbólica. Marchava para o
triunfo. Muitas vezes a felicidade está na compreensão e visão da beleza da
vida. Para aprender a viver é necessário romper velhos hábitos, renovar ideias,
ter certeza de que tudo se transforma. Nem sempre consigo cumprir as metas
programadas, menos ainda, no tempo e espaço planejado. Por mais que tente ser
senhora de meu destino, há sempre o inesperado a surpreender. Quando digo ser senhora do destino estou me
referindo à prática mental, à disciplina e, principalmente, à qualidade dos
pensamentos. Se sempre cultivar pensamentos positivos é certo que atrairei
coisas positivas. É com pensamento de luz, de fé, de confiança que chego ao Arco do Triunfo. Sem nenhuma dor física, nem emocional. Com gosto de vitória, tendo legitimado as dificuldades e pausas que fazem parte do caminho que escolhi seguir, com a satisfação do dever cumprido, a serenidade e a compreensão de ser e estar. Sempre haverá mistérios que não vou conseguir desvendar, situações que não vou compreender, motivos sem justificativas, mas fica a certeza de que não sou esta carcaça de ossos e carnes. Não preciso brigar com a existência. Bom mesmo é viver. Afastar-se do cotidiano, às vezes, permite novas reflexões.
O passeio pela Champs Eysée foi tranquilo. Vitrines cheias de ilusões que não me fisgaram em minuto algum, a não ser no olhar pela beleza que representavam. Sentia que estava apoiada no tripé sabedoria, força e beleza e tinha a perspectiva simbólica do momento. Chegamos ao Grand Palais, onde o passeio começou e pegamos o metrô até à Praça da Concórdia. E de lá para casa!
O passeio pela Champs Eysée foi tranquilo. Vitrines cheias de ilusões que não me fisgaram em minuto algum, a não ser no olhar pela beleza que representavam. Sentia que estava apoiada no tripé sabedoria, força e beleza e tinha a perspectiva simbólica do momento. Chegamos ao Grand Palais, onde o passeio começou e pegamos o metrô até à Praça da Concórdia. E de lá para casa!
Foi um dia perfeito.