![]() |
Louis Theodore Eugene Gluck (1820-1898), In The Luxermbourg Gardens, Paris |

- Oui...je suis a Paris!... penso eu enquanto me visto e os meninos descem para fumar. É um domingo ensolarado, temperatura por volta dos 16º C e pela primeira vez tenho dúvida do que vestir, acabei em uma estranha combinação de azul vermelho e bege. Não estava de todo mal, mas não foi meu figurino mais bonito. Tanta coisa borbulhava dentro de mim, que é difícil explicar em palavras. Por trás do sonho, existem histórias, informações e impressões de outras pessoas. Paris e Milão carregam a tradição e imagem de serem centros de moda, coisa que não faz diferença para mim, mas faria, se por acaso eu destoasse a ponto de chamar a atenção. Algo como os americanos que chegam com camisas toda estampada e escandalosas no Rio de Janeiro. Ufa! Foi tranquilo em relação a isso.
Quando comecei a estudar francês, ainda pré-adolescente, fiquei encantada com a língua. Achava-a de uma sonoridade gostosa, e para ler , mesmo sem conhecer todas as palavras, eu tinha a sensação de entender tudo. Não era bem assim. Eram livros didáticos, próprios para iniciantes, então era fácil mesmo. Somente mais tarde, na universidade voltei a ter contato com a língua e, para minha surpresa, eu ainda me lembrava de muita coisa. Tive a sorte de ganhar uma bolsa de estudo na Aliança Francesa, fiz o teste de nível e já entrei no terceiro ano. Fiz mais dois e a bolsa não incluía o curso avançado. Aprendi muita gramática e isso me ajudou pouco para o que queria na viagem. Explico: Eu queria soltar a língua, falar, conversar, mas ficar estruturando frases na cabeça só fazia atrapalhar. Tinha testado isso nos trens na viagem para Lourdes e Nevers.




A variedade de flores também enchia os olhos. Minha cunhada arregalava os olhos encantada com as flores , Maria me cutucava para me mostrar a satisfação estampada em seu rosto, e eu aproveitava para fotografá-la em sua espontânea admiração. Ela ficava verdadeiramente envolvida e amei que Maria tenha percebido. A beleza das flores inspira e atrai qualquer pessoa com sensibilidade suficiente para se deixar envolver por ela. Achava que depois do espetáculo de Keukenhof nada mais chamaria nossa atenção. Poderia até ser meia-verdade para mim, mas para minha cunhada era diferente. Ela buscava o perfume além da forma e da cor. Como se fossem gentes. Vejo isso como uma espécie de talento, capaz de enxergar beleza em coisas simples. E vejo talento em Maria que se atreveu a transformar a realidade em ficção. Inserir-se em outra cabeça e ter o atrevimento de escrever sobre pensamentos e emoções. Maria pede licença, é sensível e respeitosa, mas seu mundo só existe porque a imaginação lhe permite.