The Return, de René Magritte |
As irmãs Vida e Morte são como irmãs siamesas, falar de uma é
chamar a presença da outra.Aqui e agora é intervalo de tempo que existe entre o
nascer e o morrer. É o que chamamos de vida. Ao nascer, o ser vivo traz em si a
presença interior da morte. A natureza existe a partir de um processo cíclico,
do nascimento e da morte, ou da morte para que haja renascimento. O fruto morre
para dar lugar à semente, a semente morre para dar lugar a uma nova planta.
Este processo também é nosso, da humanidade, somos parte da natureza, nos
diferenciando apenas por nossa capacidade de raciocinar e questionar a nós
mesmos. Valores, crenças, saberes, em tudo há um ciclo natural na evolução,
nascer, progredir, existir, decair, renovar.
Nesse processo, a morte e os mistérios que envolvem seu
significado ainda incomodam o homem. Sabemos que é uma experiência única,
última, pessoal, intransferível e inevitável. .Ninguém escapa deste momento:
ricos, pobres, bonitos, feios, desconhecidos, famosos, homossexuais, heterossexuais,
brancos, negros, comunistas, capitalistas, jovens, idosos. Meditar/filosofar
sobre a morte é, segundo Michel de Montaigne, aprender a morrer. Ele nos
apresenta a morte como finalidade da vida, e a filosofia como o remédio que nos
permite enfrentá-la com serenidade. Não sabemos onde a morte nos aguarda,
portanto, podemos esperá-la em toda parte e a qualquer momento. E aprender a
morrer nos exime de toda sujeição e constrangimento, já que a vida nos parece
rápida – como um relâmpago – e a morte, ao contrário, nos parece uma condição
natural e perpétua. Assim, se algo ou alguém pode nos tirar a vida, nada pode
nos tirar a morte.
Hoje, especialmente triste com a partida de um amigo, cavei
na alma, e nas raízes de nossa infância, plantei saudade.
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