sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Vida e Morte: irmãs siamesas

The Return, de René Magritte
As irmãs Vida e Morte são como irmãs siamesas, falar de uma é chamar a presença da outra.Aqui e agora é intervalo de tempo que existe entre o nascer e o morrer. É o que chamamos de vida. Ao nascer, o ser vivo traz em si a presença interior da morte. A natureza existe a partir de um processo cíclico, do nascimento e da morte, ou da morte para que haja renascimento. O fruto morre para dar lugar à semente, a semente morre para dar lugar a uma nova planta. Este processo também é nosso, da humanidade, somos parte da natureza, nos diferenciando apenas por nossa capacidade de raciocinar e questionar a nós mesmos. Valores, crenças, saberes, em tudo há um ciclo natural na evolução, nascer, progredir, existir, decair, renovar.
Nesse processo, a morte e os mistérios que envolvem seu significado ainda incomodam o homem. Sabemos que é uma experiência única, última, pessoal, intransferível e inevitável. .Ninguém escapa deste momento: ricos, pobres, bonitos, feios, desconhecidos, famosos, homossexuais, heterossexuais, brancos, negros, comunistas, capitalistas, jovens, idosos. Meditar/filosofar sobre a morte é, segundo Michel de Montaigne, aprender a morrer. Ele nos apresenta a morte como finalidade da vida, e a filosofia como o remédio que nos permite enfrentá-la com serenidade. Não sabemos onde a morte nos aguarda, portanto, podemos esperá-la em toda parte e a qualquer momento. E aprender a morrer nos exime de toda sujeição e constrangimento, já que a vida nos parece rápida – como um relâmpago – e a morte, ao contrário, nos parece uma condição natural e perpétua. Assim, se algo ou alguém pode nos tirar a vida, nada pode nos tirar a morte.

Hoje, especialmente triste com a partida de um amigo, cavei na alma, e nas raízes de nossa infância, plantei saudade. 


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