quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Perdidamente erótica

William Adolphe Bouguereau (1825-1905) Psyche et L'Amour
Bem vinda manhã de sol, de luz, de cores, de sons de pássaros! A Natureza está em festa e acabo de ver um vôo nupcial bem em frente à minha janela. Acordei erótica? Quando o assunto é sexo, o julgamento das pessoas tende a se mascarar e a se esconder atrás de falsa moral, da hipocrisia. Há quem ache divertido, há quem ache chocante e há aqueles que são tão radicais, que o sexo simplesmente inexiste, ainda mais entre pássaros! Mais que qualquer outra geração, conhecemos o sexo como produto de consumo. Erotismo ou pornografia, gestos, nádegas, seios, homens e mulheres despidos servem para vender até amortecedor de carro. Mas problema mesmo é confundir pornografia com erotismo, instinto normal e natural em homens e animais.
Enquanto a pornografia explora o sexo, sempre com explicação cultural e econômica para os atos pervertidos, o erotismo é tão antigo quanto a história do homem. Ele se encontra no Gênesis, nos poemas de Davi, nos pensamentos de Salomão. Está no Rapto das Sabinas, na Guerra de Tróia, em Cleópatra e nos grandes casos de amor. Quem já teve a oportunidade de ler as cartas de Pedro I à Marquesa dos Santos, ou do Príncipe Charles à Camilla Parker sabe disso.
Não existe nada mais difícil que interpretar os fenômenos da vida humana, principalmente quando os pensamentos chocam-se entre si e dão margens a divagações filosóficas. O que é então uma literatura pornográfica? Certamente aquela que descreve situações eróticas, libidinosas, usando linguagem pornográfica ou chula. A literatura em seu sentido puro nunca é pornográfica. Quando não se tem intenção de ser pornográfico, não há pornografia. Ela está nos olhos de quem vê na intenção de quem cria. E não há porque se confundir literatura erótica com mau gosto. A literatura universal incorpora o erotismo e a voluptuosidade desde os tempos primitivos como uma indagação sobre o homem e seu destino, a vida terrena e o futuro. Eliminar a literatura que trata do problema do amor e do sexo faria com que a humanidade perdesse um de seus mais altos instrumentos de busca e resposta sobre sua própria natureza.

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